quarta-feira, 1 de março de 2023

A construção do ser


 “As pessoas mais bonitas que conhecemos são aquelas que conheceram o sofrimento, conheceram a derrota, conheceram o esforço, conheceram a perda e encontraram seu caminho para fora das profundezas. Essas pessoas têm uma apreciação, uma sensibilidade e uma compreensão da vida que as enche de compaixão, gentileza e uma profunda preocupação amorosa. Pessoas bonitas não acontecem por acaso…”

(Elisabeth Kubler-Ross)


Ando pensando muito no que nos constrói como pessoas. Cada um tem sua própria matéria-prima para se construir. O alicerce dessa obra nada mais é do que a história de cada um. 

Mas como explica, dois irmãos, por exemplo, que nasceram do mesmo pai/mãe, tiveram a mesma educação falha, a mesma infância sofrida, num ambiente hostil e violento, quando adultos, um supera e segue por um caminho bom e o outro vai ser bandido? A escolha de cada um… explicaria? 

O que faz a gente ser bonito? Bom, compassivo, respeitoso, tolerante? O que desencadeia uma auto estima no pé, uma falta de confiança em si próprio? Como podemos reverter uma personalidade descrente da vida, em uma superação com mudanças de valores, crenças, auto confiança, praticamente uma reforma de quem somos? É possível?

O querer né?

Hummmm… o querer.

O querer é fundamental numa reforma íntima. 

Possível é… mas temos que viver querendo. Di-a-ri-a-men-te. Lutar contra nossas más tendências. Recalcular rotas. Rever valores. Ver a quantas anda nossa fé, na vida e na gente mesmo… nas pessoas. Olhar de frente, olhar dentro, sem medo de ver coisas feias em nós mesmos. Porque sim, somos feios também! 

Ser gente é uma construção que não termina nunca. Às vezes saber disso dá até um desânimo… mas não há o que fazer. Até no nosso último suspiro estaremos nos transformando.

Eu não sou mais quem eu fui no mês passado. Nunca voltarei a ser. Talvez eu seja pior ou melhor, mas nunca mais igual. O que define? A escolha… sempre a escolha. 

Bonito ou feio (tô falando de alma, viu gente?), a responsabilidade é 100% nossa.

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Carnaval da reflexão


Eu tenho muita preguiça de carnaval. Já curti muito, mais jovem, mas hoje preguiça é o nome para a folia desmedida, preguiça de tanta gente que foge da realidade nesses dias onde tudo é permitido. Afe... que preguiça! Nada contra quem gosta, não me queiram mal por isso.... hahahaha.... na vida tem tempo pra tudo, né? Hoje eu só quero curtir o descanso, a sobriedade e a realidade que a vida me permite no momento. 

Meu blog é o meu canal de expressão. Abandonei ele por um bom tempo, faltou inspiração, faltou tempo, faltou leitor (eu sei que pouca gente lê...), enfim, vários fatores foram me desestimulando a escrever. Agora estou o vendo como um grande companheiro, que me ouve, que recebe, em silêncio, as minhas ideias e devaneios. Não estou me importando com o "ibope" dele mais, sabe? Hoje me importo pouco com o que as pessoas pensam ou deixam de pensar sobre mim, o que acredito ser um grande avanço... hahaha... é muito ruim ficar aprisionado nos olhares e opiniões alheias, né mesmo? Venho desapegando disso nos últimos tempos e, pode apostar, é muuuuuuuuito terapêutico.

Bom, mas voltando ao carnaval, estou aproveitando aqui para colocar a leitura em dia. Li hoje uma crônica do Luis Fernando Veríssimo e fiquei com vontade de compartilhar e comentar. Vai ela aí:

" Vivemos cercados pelas nossas alternativas, pelo que podíamos ter sido.
Ah, se apenas tivéssemos acertado aquele número (unzinho e eu ganhava a sena acumulada), topado aquele emprego, completado aquele curso, chegado antes, chegado depois, dito sim, dito não, ido para Londrina, casado com a Doralice, feito aquele teste…
Agora mesmo neste bar imaginário em que estou bebendo para esquecer o que não fiz – aliás, o nome do bar é Imaginário – sentou um cara do meu lado direito e se apresentou:
- Eu sou você, se tivesse feito aquele teste no Botafogo
E ele tem mesmo a minha idade e a minha cara. E o mesmo desconsolo.
- Por quê? Sua vida não foi melhor do que a minha?
- Durante um certo tempo, foi. Cheguei a titular. Cheguei a seleção. Fiz um grande contrato. Levava uma grande vida. Até que um dia..
- Eu sei, eu sei… disse alguém sentado ao lado dele.
Olhamos para o intrometido… Tinha a nossa idade e a nossa cara e não parecia mais feliz do que nós. Ele continuou:
- Você hesitou entre sair e não sair do gol. Não saiu, levou o único gol do jogo, caiu em desgraça, largou o futebol e foi ser um medíocre propagandista.
- Como é que você sabe?
- Eu sou você, se tivesse saído do gol. Não só peguei a bola como me mandei para o ataque com tanta perfeição que fizemos o gol da vitória. Fui considerado o herói do jogo. No jogo seguinte, hesitei entre me atirar nos pés de um atacante e não me atirar. Como era um herói, me tirei… Levei um chute na cabeça. Não pude ser mais nada. Nem propagandista. Ganho uma miséria do INSS e só faço isto: bebo e me queixo da vida. Se não tivesse ido nos pés do atacante…

Ele chutaria para fora. Quem falou foi o outro sósia nosso, ao lado dele, que em seguida se apresentou.

- Eu sou você se não tivesse ido naquela bola. Não faria diferença. Não seria gol. Minha carreira continuou. Fiquei cada vez mais famoso, e agora com fama de sortudo também. Fui vendido para o futebol europeu, por uma fábula. O primeiro goleiro brasileiro a ir jogar na Europa. Embarquei com festa no Rio…
- E o que aconteceu? perguntamos os três em uníssono.
- Lembra aquele avião da VARIG que caiu na chegada em Paris?
- Você…
- Morri com 28 anos.
- Bem que tínhamos notado sua palidez.
- Pensando bem, foi melhor não fazer aquele teste no Botafogo…
- E ter levado o chute na cabeça…
- Foi melhor, continuou, ter ido fazer o concurso para o serviço público naquele dia. Ah, se eu tivesse passado…
- Você deve estar brincando.
Disse alguém sentado a minha esquerda. Tinha a minha cara, mas parecia mais velho e desanimado.
- Quem é você?
- Eu sou você, se tivesse entrado para o serviço público.
Vi que todas as banquetas do bar à esquerda dele estavam ocupadas por versões de mim no serviço público, uma mais desiludida do que a outra. As consequências de anos de decisões erradas, alianças fracassadas, pequenas traições, promoções negadas e frustração. Olhei em volta. Eu lotava o bar. Todas as mesas estavam ocupadas por minhas alternativas e nenhuma parecia estar contente. Comentei com o barman que, no fim, quem estava com o melhor aspecto, ali, era eu mesmo. O barman fez que sim com a cabeça, tristemente. Só então notei que ele também tinha a minha cara, só com mais rugas.
- Quem é você? - perguntei.
- Eu sou você, se tivesse casado com a Doralice.
- E..?
Ele não respondeu. Só fez um sinal, com o dedão virado para baixo."


Muito boa, né? Dei risada, mas me fez pensar bastante também. 
É isso... nunca vamos saber como teria sido a vida, se tivéssemos seguido por determinado caminho. Tanta coisa pode dar certo, maaaaaas... tanta coisa pode dar errado também, né? E é só lá na frente que vamos entender melhor tudo o que acontece hoje. Lá na frente entendemos porque recebemos alguns "nãos", porque perdemos aquele emprego, aquele amor, aquela hora. 

Nunca me sai da cabeça que nada, absolutamente NADA, acontece por acaso. A cabeça sabe disso, o coração, de teimoso, às vezes demora para entender. A razão me sopra isso a todo momento. Ei de, um dia, dobrar esse coração... hahahaha...

Mas é isso, blog de volta, sigo escrevendo sempre que o coração pedir. Estou fazendo as pazes com minha livre expressão novamente. É um acalento tê-la de volta. 

Bom carnaval pra quem é de folia, bom descanso pra quem é do sossego, e boas reflexões, para quem é do pensar. Tá tudo certo, do jeito que for! :)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

O ponto final

 Usualmente, na linguagem escrita, utilizamos o ponto final para encerrar frases. E encerramos mesmo, está vendo? De forma figurativa, às vezes, usamos o ponto final para encerrar situações conflituosas, relacionamentos, discussões... e utilizamos a pontuação da organização de um texto para colocar fim a algo que nos incomoda. E o coitado do ponto final, que era apenas uma simples pontuação, se torna vilão de uma história, "oooooou", quem sabe, salvador da pátria. 

Será que é correto utilizar ponto final para terminar uma relação, quando ainda existe amor? Não poderia ser reticências? Ou ainda, uma interrogação carregada de esperanças? Ponto final é muito cruel, pois de nada sabemos sobre o futuro... quem dera tivéssemos a tão desejada bola de cristal do mundo místico, pra saber o que os dias que virão nos reservam, não é? Devia ser proibido utilizar ponto final de forma figurativa, quando não temos certeza. 

Sabe porquê? Porque o ponto final nos arrasa por dentro. O ponto final mais dolorido, no fim de uma relação, é quando alguém nos abandona no momento em que mais precisamos de apoio, colo, compreensão, atenção... ajuda. 

O ponto final destrói sonhos, perspectivas.

Ponto final afasta pessoas, finaliza algo que poderia ser tão bonito, se houvesse um pouco mais de tolerância, esperança, esforço, vontade... ou mesmo, só esperar que a vida decida por si.

Algumas pessoas tem tanta pressa em finalizar coisas vivas, já perceberam? Por medo, por covardia, por boicote, até mesmo por não acreditarem em destino, em encontros agendados antes mesmo de nascermos... como é triste um ponto final, quando o amor está vivo, pulsante, querendo taaaaanto ser vivido.

Posso dar um conselho, a quem possa servir? Preste atenção quando quiser utilizar, de forma figurativa, o ponto final, caso não tenha certeza ABSOLUTA do que vai no seu coração. Do contrário você pode estar perdendo pessoas importantes e tantas oportunidades de viver aquilo que sempre quis... só porque pontuou errado.

Eu sou amiga das reticências... sei que a vida pode nos surpreender (e surpreeende!) a qualquer momento... e aguardo sempre por dias felizes, onde ponto final nenhum terá o poder de matar meus sonhos. 

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Carinho "in box" da Bab's

     


    Quero hoje contar uma história de amor. Uma história na qual eu me orgulho em fazer parte. 

    Quando fui trabalhar em São Paulo, em 2010, para implantar a área de comunicação numa empresa que fazia parte de uma multinacional francesa do agronegócio, fui morrendo de medo. "Que desafio gigante! Será que eu dou conta?", era o pensamento que não saía da caixola nos primeiros dias. A empresa era relativamente nova mas a multinacional era antiga e muito bem conceituada no mercado. Quem geria a comunicação da multinacional no Brasil era a Barbara Reis, uma menina talentosíssima, uns 15 anos mais nova que eu, super bem preparada, centrada, inteligentíssima, uma "CDF", vamos dizer assim. Eu sempre fui a aluna do fundão, só pra vocês saberem. Me borrei inteira! Tínhamos que trabalhar alinhadas, eu via a Barbara (Bab's para os íntimos!) como uma chefe, algo assim... mas não diretamente. Nos primeiros tempos eu ficava imaginando que ela olhava pra mim e pensava: "Afe, essa coroa que arrumaram para a bioenergia não sabe de nada!", o que me causava uma insegurança gigante. Até que chegou um dia em que eu olhei bem pra mim mesma, ao me arrumar para o trabalho, e disse para a imagem refletida no espelho: "Chega né Ana? Vamos lá ser você mesma?". 

    A partir desse "téte a téte" íntimo, comecei a trabalhar do jeito que eu sabia, sem ter medo da Barbara. Tudo se transformou entre a gente naturalmente. Nossas equipes também se alinharam e o trabalho fluiu de um jeito encantado. Foram as melhores equipes irmãs que eu já tive o orgulho de trabalhar e gerir junto com a Bab's. Desenvolvemos um trabalho humanizado onde, nas nossas reuniões semanais, falávamos de nossos sentimentos, do nosso passado e histórias de vida. Aprendi a admirar a Bab's não só como profissional mas imensamente como ser humano. Generosa, cuidadosa com o próximo e muito, muito, muito, muitooooooooo carinhosa... essa menina ganhou tanto o meu coração, que eu fico até com vontade de chorar de pensar. 

    Bom, o tempo passou e eu decidi, depois de dois anos de loucura, ir embora de São Paulo (Melhooooor decisão!). Altas despedidas rolaram, altos presentes. A Bab's é daquelas que AMA dar presentes, e os presentes dela são sempre diferenciados, escolhidos a dedo, minuciosamente, como quem analisa a fundo o perfil da pessoa que irá receber, sabe? Fofa demais. Nos separamos, cada uma foi por um caminho. Eventualmente mandávamos um beijinho pelas redes sociais. Acompanhei de longe a minha menina ser mãe, trazer a maravilhosa Alice ao mundo, atuar lindamente em outros segmentos que eram a cara dela, como ser a Gerente de Comunicação da Embaixada do Reino Unido no Brasil e depois Diretora de Comunicação de uma empresa que produz jogos de tabuleiro, coisa que ela VENERA! 

    No começo de 2021, como já contei aqui no blog, eu fiz um compromisso comigo mesma que iria expressar amor para o mundo, através do meu trabalho. Esta seria a minha contribuição diante da loucura (jamais pensada!) que vivemos com a pandemia. Comecei então a fazer alguns contatos profissionais para trocar ideias sobre projetos que eu tinha em mente, e contatei a linda e talentosa da Bab's, claro! Ela, com certeza, seria sincera e me falaria abertamente que aquilo era uma viagem da minha cabecinha "povoada" de imaginação. Bab's não achou viagem. Bab's me disse: "Menina!!! Tenho um projeto parecido querendo dar vida, vamos comigo?", ah não, gente, que menina linda! Fala a verdade? Foi desta maneira que nasceu a nossa empresa, que já já estará atuando com força total, se Deeeeeeeus quiser, a "Foi Assim", que irá produzir biografias infantis. 

    Eu estou contando tudo isso aqui para dizer a quem está lendo que Deus nos presenteia colocando pessoas no nosso caminho. Pessoas são presentes. Acordei hoje com o carteiro trazendo um presente da Barbara, pro meu aniversário que está chegando. Isso porque ontem o mesmo carteiro já veio aqui para me entregar outro presente dela, um brinquedinho para quem tem tique de conversar mexendo em alguma coisa (eu!).... hahahaha... olha que fofa! Então eu comecei a olhar ao meu redor e percebi que os presentes que a Bab's já me deu me rodeiam no dia a dia, me fazendo lembrar do amor e carinho dela por mim, desde sempre. Uma caneca personalizada onde eu coloco as minhas canetas em cima da mesa de trabalho, uma bolsa que quase todos os finais de semana me levam para o meu lugar de cura e agora o brinquedinho e uma biografia linda. A Bab's nem sabe, mas o presente maior é ela, que nunca saiu do meu coração... e nunca vai sair.  E sim, querida, nós vamos inundar esse mundão de amor! De muuuuuuuuuuito amor! Pode apostar. 

A você hoje eu ofereço o meu imenso amor, a gratidão pelos mimos e a certeza de que somos, uma pra outra, presentes de Deus. 

terça-feira, 2 de março de 2021

A carência nossa de cada dia

     


    Nas minhas "observâncias" diárias, para dentro e para fora, tenho encontrado um mundo carente de olhares verdadeiros e compassivos. Nas redes sociais, na maioria das vezes, a gente mostra o que não é. Que louco isso, né? Alguns poucos lampejos de alegria já são motivos para divulgação, porque se eu não mostrar esta gota de felicidade, o caos interno irei mostrar? Quem vai querer me olhar com dor, com medo, carente de um colo, de um ouvido? Que tempos estes onde a verdade tem que ser o tempo todo oculta, não é? Hoje, lendo um livro que eu adoro, me deparei com o seguinte parágrafo: "Nós temos uma carência de bons olhos sobre nós. Todos nós queremos e precisamos ser bem olhados. Já nos bastam as críticas, a nossa inabilidade em lidar com os próprios erros, em lidar com as nossas limitações. É por isso que temos uma carência grande de que alguém nos ajude com a sua boa vontade, com a sua alma, olhando-nos sinceramente para perceber o que somos e deixando-nos ser o que somos, sem nos ferir com pequenezas ou deficiências" (Calunga - Tudo pelo Melhor - Gasparetto). 

    Este é um livro que fica em cima da minha mesa de trabalho. Penso duas vezes, às vezes, antes de abri-lo, porque tem dias que ele me dá cada bordoada que eu perco até o rumo do que estava fazendo! Hahaha... este chacoalha a gente, COM GOSTO! Hoje foi diferente, ele me tocou no coração, por isso estou aqui escrevendo pra falar sobre a carência que a gente sente, sobre a carência de bons olhos sobre nós. 

    Ahhhh! Um olhar que te percebe "É" um olhar que percebe, né? Não tem coisa mais gostosa nessa vida que receber um olhar de entendimento, de compaixão, de alguém que realmente está escutando o que você diz ou o que não diz. O melhor entendimento, às vezes, é quando uma pessoa é tão sensível e te conhece tanto que traduz aquilo que não é verbalizado, aquilo que temos vergonha de dizer, que temos medo de externalizar. Um olhar, um ouvido. Como podem fazer a diferença na vida! E o que a gente encontra por aí nestes tempos modernos e gelados? Olhos que fazem vista grossa, que olham sem ver, e ouvidos entupidos que escutam mas não entendem uma única palavra do que você disse. Não entendem porque simplesmente não querem entender, já estão lotados por dentro, afundados nas próprias mazelas, e não há espaço interno para nada que venha do externo. Triste, mas é mais ou menos isso o que rola. 

    Talvez falte auto amor pra todo mundo. Quando o amor próprio está instalado dentro da gente nós queremos mais é nos doarmos, não é assim? Quem não tem para si não tem para os outros. Quando temos dentro é tão gostoso! Quanto mais amor dentro mais amor você recebe fora. Um ciclo maravilhoso! "Ta bom Ana! Mas onde você quer chegar com esse blá-blá-bla?" Sabe onde? Eu quero convocar as pessoas para serem verdadeiras e se mostrarem na íntegra nas redes sociais. Eu quero mudar este movimento exibicionista medíocre e mentiroso, começando por mim, que afunda quem já está afundado e que gera um vazio imenso em quem está mentindo sobre uma felicidade inexistente. Utopia? É né? Claro!... mas não custa falar. Não custa dar uma cutucadinha pra fazer você, pelo menos, pensar. Eu estou pensando.

    "E como se cultiva amor próprio, pra gente se livrar desta carência toda, Ana?", olha! Se eu soubesse exatamente a receita, garanto que teria me livrado de muita enrascada na minha vida. Mas hoje uma pequena atitude já me salva um pouco mais: aprendi a me olhar com bons olhos. Encontre este olhar compassivo em você mesmo antes de buscar fora. Se olhe, ali, no espelho mesmo, com entendimento, com compaixão. Estamos todos em construção, tudo bem errar, tudo bem ser limitado, tudo bem ter medo, tá tudo bem não ser ainda quem você gostaria de ser! Estamos no caminho, e este caminhar às vezes é bem tortuoso, mas não pára não! Continua, assuma as suas verdades mais secretas, aceita as feridas mais dolorosas, e vai, caminha! No caminho vai olhando que beleza a paisagem de tudo o que você já conquistou até chegar aqui! Olha só o quanto hoje você já é melhor do que ontem! Está vendo? 

    Não pára. Não pára porque tem um olhar sincero, atento e interessado, logo ali, esperando por você. Se cuide primeiro que o cuidado vem junto, de mãos dadas, pra dar todo o amor que você merece. 

    

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Necessidade + Oportunidade = Amor


 Fiz um curso de desenvolvimento pessoal outro dia e me encantei por esta definição de como surge o amor, que nomeia este meu primeiro texto de 2021. Caraca! É tão simples! Como problematizamos tanto uma coisa tão descomplicada? Vivemos pensando que o amor genuíno é uma coisa tão longínqua que o perdemos de vista nas planícies enfumaçadas da existência, que transpiram desamor. Aí que está o "X" da questão: depende muito para onde nós estamos olhando. Se dentro do globo ocular, mais precisamente, dentro da alma, a paisagem está nebulosa, é claro que não enxergaremos a um palmo do nariz, nem a necessidade e muito menos a oportunidade. 

Piegas o tema? Quem não quer amar e ser amado que atire a primeira pedra. Eu adoro este assunto! Quem não quer amar e ser amado não leia, não é mesmo? A vida é tão curta para perdermos com desamor! E o amor, danadinho, está em tudo, até nos problemas, nas coisas que não dão certo, nos desafios, nas provações, afinal, como iríamos amadurecer se não fosse pela dor, já que somos tão teimosos em não querer crescer por amor? E amadurecimento nada mais é que o amor se encantando.  

Eu adoro falar (escrever) sobre o amor, dos desdobramentos incríveis que trazem abertura e novas realidades, do amor próprio que nasce num coração tão judiado, dos amores implantados dentro do peito e que funcionam tão bem, como acontece nos casos de adoção, dos amores impossíveis (que não acontecem por preguiça e falta de persistência, às vezes, né?), dos amores imbatíveis, próprios das amizades eternas, do amor pela natureza, pelos animais... adoro! Eu estudo, fuço, assisto palestras, faço cursos, porque eu quero entender cada vez mais sobre este assunto que aprendi a respeitar. 

Comecei este ano com o propósito firme de que eu queria ter amor e ser amor em cada pedacinho do meu dia, das minhas atividades, do meu corpo, dos meus pensamentos, com todas as pessoas do meu convívio, com todos os problemas que surgissem... e que eu queria sabe o quê? EXPRESSAR AMOR AO MUNDO! Principalmente na minha profissão, por isso muito em breve teremos novidades e desdobramentos deste desejo, em forma de um novo projeto profissional (ebaaaaa! 😍). 

Alguém pode até pensar: "aí que poético isso tudo!', virando os "zóinho" pra cima, em sinal de desaprovação, como quem acha patético. Conversa pra boi dormir? Pode apostar que não é. Não é fácil comunicar amor, na sua  expressão mais genuína. Somos mal interpretados a todo momento, tem hora que dá um "puta" desânimo, mas é isso mesmo que faz este meu desafio ser tão estimulante. No fim deste ano voltamos a conversar, tá bom? E se o amor não tiver transformado a minha e a sua vida, eu jogo a toalha! Hahaha... O amor gera amor, amor atrai amor, e, pelo menos pra mim, não é possível viver sem amor, sem o meu amor próprio, sem o amor dos amigos, dos filhos, dos pais, dos amores, sem o amor pelo o que eu faço, sem o amor por quem eu sou. Sem amor não tem conversa, não tem saída, não tem desdobramento, não tem entendimento, não tem sonho realizado. 

O amor bate nas nossas portas di-a-ri-a-men-te! Tem quem atenda com a maior abertura, tem quem finja não ouvir as batidas, tem quem fique na dúvida se abre ou não a porta. Talvez não haja necessidade. Talvez não haja oportunidade. A necessidade pode ter surgido e com o tempo muda, acontece tanto, né? Mas pode apostar que a oportunidade não vai ficar esperando que a visão nebulosa de uma necessidade confusa se descortine. Aí o amor se perde, fica esquecido naquele compartimento empoeirado da mente, das coisas que poderiam ter sido e não foram. Que compartimento triste! 

É lindo quando a necessidade e a oportunidade se encontram e todas as partes se abrem para viver as infinitas dores e delícias que o amor trás para a vida da gente, então me aguardem, eu estou aberta e farei o possível (fácil) e o impossível (difícil, mas a gente vai tentar! rsrsrs...) para escancarar o coração de quem quiser embarcar nessa aventura linda que é viver e ser o amor!

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Lições de jardim

 


Eu acredito muito que todas as coisas da nossa vida estão conectadas com o que existe ao nosso entorno: natureza, pessoas, móveis e todas as materialidades, pois entendo que tudo é energia e tudo pode influenciar nossa vida, pro bem ou pro mal, mas pode também trazer aprendizados e lições preciosas... é só desfocar o olhar, às vezes cético, para ver além das aparências. No começo deste ano, fatídico para a maioria das pessoas desse mundão de Deus, minha vida estava uma grande meleca, com muitas coisas dando errado (não vem ao caso citá-las aqui porque já passou e tals...), a saúde não tava nada legal, eu estava muuuuito acima do peso, e não adianta, isso é sim um desconforto grande para a maioria das mulheres e para mim não foi diferente, auto estima rolando ladeira abaixo e fundo do poço logo ali... só sei que a barra tava difícil demais de segurar.

Quando começou a pandemia e veio o isolamento eu decidi que ia deixar o meu entorno o mais lindo que as minhas mãozinhas tortinhas pudessem realizar. Decidi produzir um jardim, encher a minha casa de plantas, meu quintal de lindezas e foi, em um dia de cada vez, que a natureza me trouxe de volta, me mostrando, através da observação de cada etapa, do plantio ao florescimento, da forma como as estações do ano agem no meio ambiente e o que faz bem ou não para o cultivo de plantas, o que eu tinha que mudar e corrigir em mim mesma. Com a observação destas etapas eu pude ver a grandiosidade da vida e comprovar a interligação do nosso mundo interior, da nossa cura, com a natureza que nos rodeia. Isso pode até parecer papo de bicho-grilo e é um pouco, hahaha! Se você é cético e acredita que o papo de que tudo carrega energia (e tals...) é balela, pode parar de ler por aqui. Esse não é um texto muito apropriado pra você... mas eu o convido a ficar mesmo assim, ceder e, quem sabe, se desarmar um pouquinho, pelo menos para parar para pensar. 

Neste tempo todo muitas coisas deram errado, fiz muitas atrapalhadas como jardineira, mas o que deu errado me mostrou que a culpa era minha mesmo e que eu precisava me responsabilizar pelas escolhas erradas, afinal, não sou e nunca fui uma  "Expert" em botânica, o que eu sei vem tudo da intuição, fui aprendendo com os erros e acertos... xi! matei muitas plantas, tadinhas! Dei água demais, água de menos... mas acertei muuuuuito também! Fiz quase 50 mudas de abacate, que ficaram lindas e grandes e daqui uns dias estarão crescendo no sítio do meu pai, embelezando o redor do lago. Esses erros e acertos com as plantas trouxeram clareza sobre a minha própria vida e as escolhas que não me responsabilizei pelos resultados desastrosos, que desencadearam depressão, perdas e insucessos, em muitas áreas. Larguei, por tanto tempo, a minha felicidade nas mãos de outras pessoas, de trabalho, de amigos, de lugares, acreditando que o mundo exterior tinha a obrigação de me dar aquilo que eu queria: amor, felicidade, paz, satisfação... e olha, nada disso tem a obrigação de nada, ninguém e nada nessa vida existe para atender às nossas expectativas. O saldo positivo e negativo de tudo na vida é mérito ou culpa da gente mesmo. Ponto. Realizar, mudar, crescer, se curar, são ESCOLHAS INDIVIDUAIS. Ponto de novo. 

No começo, comprei uma quantidade enorme daqueles saquinhos com sementes de flores, que vende nas lojas de materiais agrícolas, porque eram mais baratos do que comprar já as mudinhas formadas. Nossa, isso foi um exercício de paciência que trouxe frustração e muito pouco prazer, pois o mato crescia junto com as plantinhas na mesma velocidade,  e pra eu saber depois o que era mato e o que era planta? Afe, foi um sufoco, decidi por um tempo deixar tudo crescer junto pra ver o que virava, uma hora as florzinhas haveriam de aparecer... a primeira a aparecer foi uma trepadeira, aaaai que fracasso! Uma trepadeira num canteiro horizontal, que sandice! As margaridinhas amarelas também apareceram, me fazendo morrer de amor, mas duraram pouquíssimo tempo. Que fracasso de jardineira... fala a verdade? Até que, vencida pela teimosia, refiz o canteiro todo, depois de alguns bons meses sem conseguir ver o resultado esperado. Comprei mudinhas e hoje tá uma lindeza que me faz suspirar com gostosura e paixão. Lições importantes: não adianta plantar uma coisa e esperar nascer outra, não adianta plantar uma trepadeira num canteiro horizontal, assim como não adianta tentar exaustivamente se encaixar em situações que não te pertencem (vulgo dar murro em ponto de faca). Os matos vão crescer na vida da gente também, é tanta praga, que se a gente não pára para limpar, a vida vai ficar insustentável... e o jardim bonito que tem dentro da gente, nunca vai aparecer! 

Plantei também um saquinho inteiro de amor perfeito num vaso grande. Adoro essa flor! Insistente que sou, pensei: "quero ver agora se não vai rolar!", demorou muuuuuuito, mas rolou - em partes! O vaso tá liiiiindo, as folhas verdinhas, com carinhas de saudáveis, mas até agora nada daquelas flores lindas, coloridas e charmosas! Estamos aguardando... uma hora vai rolar, e vai ser lindo! É assim mesmo, o amor perfeito deve dar trabalho, deve demorar pra chegar, justamente porque não existe amor nessa vida que seja perfeito e criar expectativa em cima de um vaso desse é a maior roubada da vida, porque a gente tem que plantar e relaxar... o que vier vai ser lindo, do jeito que tiver que ser. Né mesmo? A imperfeição tem sua beleza também, vai que meu amor perfeito é igual pé de amora, de mamão, que nasce macho ou fêmea? De repente não vai vir flor, é amor perfeito macho (Hahahaha!!!)... então já me preparo para aceitar a situação e achar lindo meu vaso verdinho, cheio e feliz de ser quem ele é, do jeito que é!

Só sei que vivo aprendendo com o que me rodeia! Aprendo e cresço. A cada dia mais entendo melhor minhas dores mais íntimas, as origens delas e como curá-las... enxerguei que quem não entende suas próprias dores,  não as aceita e se recusa a olhar para elas, tende a machucar os outros com mais facilidade... e eu não quero machucar ninguém. O entendimento e a aceitação traz a cura pra vida da gente. 

O jardim me floresceu, estou encantada com cada conquista que faço no meu dia a dia, eliminei 12 quilos e quero que aquele peso todo nunca mais volte para meu "corpitcho", estou leve, com a saúde ótima, feliz com a minha vida do jeitinho que ela é, com meu jardim, com as minhas habilidades de fazer e ser! É claro que a vida não está perfeita, mas o jardim deixou as imperfeições todas que fazem parte dela, muito mais interessantes e fáceis de conviver. 

Cuidar de plantas, de gente, de filhos, de animais, da gente mesmo, olhar pro outro, pro entorno, pra tudo que é vivo, tem o poder de nos trazer de volta pra dentro de nós mesmos. Cura exige cuidado. Amor exige cuidado. Beleza exige cuidado. Lições lindas que eu compartilho agora com você, desejando muuuuuito que você também faça seu resgate, que escolha se curar, se amar, amar seu entorno e cada pedacinho de coisa que faz parte da sua vida... tudo é uma questão de escolha. Cuide para que cada decisão sua, até as pequenas do dia a dia, te levem para esse lugar tão gostoso de estar: o jardim florido que tem morada dentro da gente!

Com um baita amor!