domingo, 29 de março de 2009

Aninha e sua bicicleta azul!




Ana e o Mar

O Teatro Mágico
Composição: Fernando Anitelli

Veio de manhã molhar os pés na primeira onda.
Abriu os braços devagar e se entregou ao vento.
O sol veio avisar que de noite ele seria a lua,
Pra poder iluminar Ana, o céu e o mar
Sol e vento, dia de casamento
Vento e sol, luz apagada no farol
Sol e chuva, casamento de viúva
Chuva e sol, casamento de espanhol

Ana aproveitava os carinhos do mundo
Os quatro elementos de tudo
Deitada diante do mar
Que apaixonado entregava as conchas mais belas

Tesouros de barcos e velas
Que o tempo não deixou voltar
Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?

Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar?
Ana e o mar... mar e Ana
Histórias que nos contam na cama

Antes da gente dormir
Ana e o mar... mar e Ana
Todo sopro que apaga uma chama
Reacende o que for pra ficar

Quando Ana entra n'água
O sorriso do mar drugada se estende pro resto do mundo
Abençoando ondas cada vez mais altas
Barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar

Desse novo amor... Ana e o mar

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Ana e a bicicleta!!!

Comprei uma bicicleta! Uma bicicleta azul. Ótima sugestão da Kenia, para economizar a grana do metrô e para conhecer a cidade com mais profundidade, que eu não pensei duas vezes para acatar. A partir do dia primeiro de abril (juro que não é mentira!), minha bike blue (ou seria blue bike? rsrsrsr) será meu meio de transporte em Toronto. Ontem tive o prazer de experimentá-la pela primeira vez. Estava um dia liiiiiiindo, 12 deliciosos graus! Praticamente verão (exagero)! Nossa, pude experimentar a deliciosa sensação de liberdade, aquele gostinho de infância... o ventinho gostoso no rosto. Gosto de descobertas! Ou redescobertas! Eu não andava de bicicleta desde que era criança!

Adorei!

Aqui em Toronto quando começa a esquentar, as bicicletas começam a pipocar nas ruas. Uma graça! E as pessoas andam felizes. As roupas vão ficando mais claras, os dias mais bonitos, a vida mais leve. Os casacos, cachecóis e botas abandonados e os bares abrem suas portas e janelas, e colocam pra fora as mesinhas e cadeiras. Ontem eu, a Kenia e o Darren fomos andando até o Lago Ontario (lindooo!!), que é um dos principais pontos turisticos daqui (que quero explorar com mais calma, outro dia, com a minha bike blue). Dai comecei a observar uma cidade despertando, as pessoas limpando a frente de suas casas, que, depois que a neve derrete, fica uma sujeira sem tamanho. Feio de ver! Em outros lugares famílias interagindo nos jardins de suas casas. Nas praças crianças brincando, jovens andando de skate e os lindinhos esquilos pra todos os lados... nossa! Como são bonitinhos e muitos! Fiquei impressionada.

Visiveis sinais da Primavera!

Hoje choveu, daqui uns dias as flores aparecem e tudo muda. Nova estação. Novo momento. Sexta-feira passada tive minha primeira entrevista de emprego. Para servir yogurt e sorvete num quiósque, dentro de uma galeria. Me enrolei com o inglês... afe! Sem chance. Mas foi legal como experiência. Fico aqui, as vezes, pensando o quanto é injusto e complicado para a vida da gente, essa coisa de cada País ter uma língua. Pôxa... que injusto eu não poder mostrar meus talentos e trabalhar com aquilo que eu tenho aptidão, porque não domino o inglês! Mas não adianta viajar... é assim e pronto. E a minha realidade é que estou a procura de um sub-emprego! Seja lá ele qual for, eu vou encarar.

Mas estou feliz com a Primavera. Com as mudanças e com as novidades. Agora eu estou triplamente poderosa, tenho uma bolsa dourada, um caderninho de anotações e uma bicicleta azul!




quinta-feira, 26 de março de 2009

Conheça-me!


As minhas fotos falam muito sobre mim, muito mais do que as palavras que eu poderia aqui utilizar para criar algumas definições. O momento que me sinto mais completa é quando estou olhando através do visor da minha camêra... é ali, tentando eternizar momentos, desvendando belezas da natureza, descobrindo ângulos inusitados e garimpando as expressões mais gostosas nas pessoas, que, deliciosamente, me sinto na minha mais pura essência. Assim, fotografando e deixando minha alma vagar, consigo estar em paz e ver fortalecido meu anseio de um dia a fotografia ser minha única e amada profissão.
Conheça-me!

terça-feira, 24 de março de 2009

E o seu inglês, como está?


Então... tenho recebido muitas perguntas a este respeito ultimamente e tenho pensado muito sobre isso também. Este pensar me deixa agoniada, às vezes, e, em outros momentos, esperançosa. Quem conhece um pouco da minha história pode imaginar o tamanho da responsabilidade que carrego nas costas por estar aqui para aprender o tal do inglês. Eu apostei alto nisso aqui. Deixei trabalho, filhas, família, minha gente e minha terra... para enfrentar este desafio de aprender uma nova língua. Então me cobro o tempo todo, e isso vai se tornando uma "paranóiasinha", sabe? Estou sofrendo. Queria acordar e, como num passe de mágicas, estar falando inglês fluentemente e entendendo perfeitamente tudo que as pessoas falam...


Semana passada encerrou-se o primeiro ciclo do nivel 1 na escola. Todos os alunos foram submetidos a um exame oral e um escrito, ambos para testarem os conhecimentos adquiridos ao longo do mês. O exame aconteceu na quinta-feira e na sexta o professor sentou com cada aluno para um feedback. Pra mim foi uma surpresa boa, eu até que fui bem. Tirei boas notas. Na escrita tirei 7,5 (valendo 10) e na oral tirei 8... mas ai conversando com o professor, ele me perguntou se eu queria já passar para o nível 2, e devolvi a pergunta. Ele respondeu que, na opinião dele, eu deveria ficar mais um mês no nivel um para adquirir um pouco mais de segurança... eu tenho errado umas coisas bobas, ridículas, como a confusão entre When e Where (que me mata! Deis do Brasil) e mais outras coisitas que ando confundindo na hora de formar frases. Bem, eu resolvi seguir a orientação do professor e fiquei de novo no nivel 1. A metade da sala foi para o nível 2 e a outra metade ficou. Daí foi outra separação, na mesma semana que deixei os italianos... mudaram também os colegas e o professor. Senti. O professor era muito legal, e os coleguinhas super divertidos. Então vamos nós para novas adaptações!


Mas estou contando isso aqui pra dizer que tem horas que fico desesperada, insegura, com medo de não aprender! Eu não estou aqui de férias e não posso, de maneira nenhuma, voltar pro Brasil sem ter o domínio da lingua! As vezes acho que isso me bloqueia. Sentir toda essa responsabilidade, e ficar me auto cobrando em excesso parece que são empecílhos para que as coisas fluam naturalmente. Preciso relaxar! Mas ao mesmo tempo noto um pequeno progresso, como por exemplo, consigo entender melhor o que as pessoas falam, e cada dia guardo na cachola algumas palavras novas... aí isso me dá esperanças. Na minha nova casa, a Kenia e o Darren falam em inglês o tempo todo, eles falam muito rápido e eu fico um pouco zonza... as vezes entendo, as vezes bóio... mas a verdade é que ando com medo de falar, literalmente bolqueada.


Ontem eu estava arrasada! Da escola fui pra biblioteca e fiquei até 5 da tarde, estudando sem parar. Tenho feito isso praticamente todos os dias. Aí vim pra casa e foi uma novela. Uma, que entrei tão exausta no metrô, que sentei e esqueci da vida... e passei minha estação de destino. Tive que descer na próxima, dar uma volta enorme pra pegar de volta o sentido contrário. Outra que quando desci na estação certa, parei pra pegar o streetcar, ele demorou horrores pra passar e quando passou estava lotado e ninguém conseguiu subir... afe! Dai resolvi vir andando... e são nessas horas que Toronto apresenta suas surpresas. Estava passando pela praça que fica pertinho da casa da Kenia e escutei o som de um saxofone, procurei de onde vinha e vi um senhor embaixo da luz linda do fim da tarde, sentado num banco, tocando seu saxofone, tranquilamente. Eu tive que parar pra ouvir e pra ver aquela cena com calma. Como se não bastasse a música tocante, o senhor estava sentado embaixo de uma árvore linda, e o céu estava tão azul, que dava até vontade de chorar de alegria! Coisas assim tem o poder de tirar a gente da tristeza, né? Eu peguei minha máquina cybershot na mochila e discretamente tirei algumas fotos (que não ficaram boas, infelizmente!)... senti por não estar com minha Nikon... com certeza teria feito belíssimas fotos.


Mas é assim que estou nestes dias. Acho lindo as pessoas queridas me mandando mensagens tão positivas e carinhosas... isso pra mim tem sido tão importante! De uma certa forma sinto que não estou sozinha. O meu coração anda apertado, mas sei que é uma fase... eu sabia que não ia mesmo ser moleza enfrentar este desafio. Mas vai dar tudo certo.


Outro dia vou contar, com mais calma, que agora a bolsa dourada e o caderninho de anotações tem uma nova companheira: a bicicleta azul. Aguardem.

quarta-feira, 18 de março de 2009

A primeira despedida



"...E assim chegar e partir...São só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida... A hora do encontro é também, despedida. A plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar... é a vida!!!!!...".

Chegou ao fim o tempo da minha harmoniosa convivência com Mr. Rocco e Dona Chiarina. Este fim de semana me mudei de casa. A Kênia e o Darren me chamaram para morar com eles, por um preço bem mais em conta, e, como estudante vive duro e tem que se virar para economizar, achei a idéia ótima (além, claro, deu ter o privilégio de poder estar mais tempo perto dos dois, que são pessoas incríveis e queridas!). Eles moram no centro de Toronto e pra mim vai ficar muito mais fácil. Mas senti um certo pesar, inexplicável, por deixar os italianos. Uns dois dias antes de vir, eu já comecei a ficar "xororô". Eu revelei as fotos que tirei deles, da casa, dos netos, montei uma álbum, que ficou muito legal, e os presentiei. Eles adoraram! Ficaram emocionados. Não imaginei que fosse ter tanto significado pra eles! No album incluí várias fotos que tirei num domingo de manhã da Dona Chiarina fazendo massa caseira de macarrão, e o Mr. Rocco a ajudando, enfileirando numa mesa enorme os tubinhos longos de macarrão. Uma cena linda! Aí eles viram e disseram que aquelas fotos vão ficar para a posteridade, para os filhos, netos, gerações futuras. Que delícia! Delícia poder sentir que conseguimos construir uma relação de respeito, carinho e amizade, que eu faço questão de preservar, daqui pra frente. Eles já me convidaram para passar o domingo de páscoa com eles... me sinto praticamente da família! rsrsrsr...

No meu último dia com os italianos, acordei já com um nó na garganta sem tamanho. Tomei meu último breakfast com eles, mas não foi como os outros dias. Estávamos mais quietos, acho que tristes, né? Acredito que eles também estavam sentindo a minha saída. Aí subi e comecei a arrumar minhas coisas. Terminei, tomei um banho e desci para me despedir. Já desci chorando. Abracei Dona Chiarina e ela chorou também. Aquele, sem dúvida, foi um abraço de mãe e filha! Uma energia de amizade muito saudável, sabe? Nossa, que pena que eu ainda não estou dominando o inglês para poder dizer o quanto foi especial pra mim ter estado com eles e o quanto eu sou grata pelo carinho e atenção deles. Então o agradecimento ficou só com o : Thank you, very much! Mas no meu olhar eles entenderam. Tenho certeza.

Mr. Rocco me levou até a estação de metrô, e a partir daí lágrimas e mais lágrimas rolaram pelo meu rosto. O metrô vazio e eu chorando copiosamente, e é claro, tudo isso com trilha sonora... rsrsrs! (Um parênteses: eu acho que o MP3 é um ser vivo! É incrível, as musicas que ele escolhe para tocar são perfeitas para as cenas que tenho vivido aqui!!!! Inacreditável!!! Puta cara sensível!). Fiquei um tempo com a cabeça abaixada em cima da minha mala, chorando. Quando levantei pra respirar e tentar parar, vi que tinha um senhor me olhando com carinha de piedade. Me vi nele, que, com certeza, deve ter feito um filminho na cabeça dele, igualzinho eu faço nas minhas diárias viagens musicalizadas. Eu pude até imaginar a imaginação dele: "Ah coitada! Com todas estas malas deve ter sido abandonada pelo marido e vai procurar abrigo na casa dos pais (aí ele já imagina a cena da última discussão, ela implorando mais uma chance e ele dizendo que não a ama mais, que já está, inclusive, com outra pessoa)... ou quem sabe, está indo embora do País e deixando para tras um grande amor "...(Quem me dera!!!! rsrsrsr...). Mistura de sensações. naquele momento de desabafo senti um vazio muito grande, uma saudade da Cibele e da Bia, de toda família, dos amigos... do meu trabalho no Brasil, tão querido, que deixei pra trás. Senti solidão.

O vagão, depois de toda choradeira de 20 minutos, parou na estação College. Eu desci, com toda dificuldade com as malas e sacolas (um tormento...), e uma alma boa me ajudou carregando uma mala pela escada, que dá acesso à rua. Sempre tem gente boa nesse mundo, né? Fui andando bem devagarinho pra casa da Kenia, e as sensações foram se transformando... o dia estava lindo, uma brisa gostosa, calorzinho gostoso (10 graus! Ai que delícia!)... entendi que ali encerrou-se um ciclo e estava começando outro... e fiquei pensando nos encontros e despedidas que vivemos por toda a existência, em quantas pessoas que vamos conhecendo, amando, e deixando pela vida... Esta semana outro estudante estará no meu lugar na casa dos italianos, e assim... sucessivamente.

Mas o que ficou de bom é sentir que, da mesma forma que foi maravilhoso pra mim conhecê-los, pra eles também foi. E mais um trechinho da música linda "Encontros e Despedidas" do Milton, descreve muitíssimo bem meu sentimento: "Coisa que gosto é poder partir sem ter planos. Melhor ainda é poder voltar quando quero...".

E assim, em tão pouco tempo, eu e a bolsa dourada estamos em outro lugar, com outras pessoas, para novos e incríveis desafios!

terça-feira, 10 de março de 2009

O silêncio interrompido e o auto-corte




Mr. Rocco e Dona Chiarina são umas criaturas encantadoras! Adoro o respeito que eles tem comigo. Todos os dias, impreterivelmente, seis da tarde, ela sobe pra me chamar pra jantar. Eu acho muito cêdo, porque chega nove horas já tô com fome de novo! Maaaas, vamos seguir os costumes da casa, né? Por falar em costume, hoje aconteceu uma coisa que me tirou o fôlego. Normalmente o jantar aqui é bem silencioso, a TV ligada em frente à mesa, com o som bem baixinho, e ninguém fala nada. Todo mundo concentrado na mastigação e nas notícias do Telejornal, que, por sinal, eu só entendo pelas imagens, claro, né? Aí hoje, entre um intervalo e outro houve um break mais longo, extendendo assim o silêncio, e justamente neste momento, único, o Mr. Rocco soltou um arroto... mas não foi um arrotinho... foi um ARROTÃÃÃÃO!!! Estardalhando completamente com o silêncio. Eu parei de respirar! E mais engraçado é que ninguém falou nada... foi o mesmo que não ter acontecido nada. Deve ser costume deles, né? Pensei comigo: "Noooossa, mas o que eu faço com a vontade de soltar uma RISADOOOOOOONA?", aí comecei beber agua sem parar para manter meu auto controle. Nossa, que difícil... uma bobeira né? Mas todas as imagens engraçadas do mundo vieram na minha cabeça naquela hora. Sabe quando vc faz "pum" na igreija e não pode rir (e fica fingindo que não é com você????), quando acontece alguma coisa engraçada num velório... lugares inadequados para uma risadona? Pois é... fiquei com aquela sensação desesperadora de não poder rir. Lembrei dos jantares em Rondonópolis, eu, a Bia e a Ci... dai eu soltava um arrotão sem querer (mais querendo, sabe?), só pra gente morrer de rir... de brincadeeeeeira... e a gente ria gostooooooso!... Mas, enfim, aguentei firme... rsrsrsr! Depois eu ri tudo que eu tinha direito contando a história no MSN pra Karina... nossa, quase morri de rir, até chorei! Uma bobeira, né? Mas me fez um bem danado... fiquei leve, muito leve.




E pensar que hoje quando voltei da escola pensei: "hoje nao vai acontecer nada de diferente no meu dia..." Ah, tá bom!!!! Cheguei e tive que tirar uma sonequinha, porque tava um friozinho muuuuuito convidativo prum cochilo. Aí quando acordei e fui tomar banho, fiquei um tempo me olhando no espelho... olhando, olhando, olhando... vc sabe que mulher quando fica olhando muito pro espelho é que não tá gostando muito do que tá vendo, né? Aí resolvi cortar o cabelo!!!! Desci na cozinha e pedi uma tesoura pra Dona Chiarina, mal sabia ela pra quê, né? rsrsrsrsr... E corteeeeeeeeei... pouca coisa, mas corteeeei com maior sensção boa!! Cortei a franja e repiquei meu cabelo... e não é que ficou bom???? Eu fiquei parecendo com a Bia!!!! Juuuuro... muito engraçado! Me senti tão auto suficiente... corte de cabelo aqui é um absurdo de caro. Mas que legal, gostei da sensação! Ando ficando muito corajosa, né? Ah, mas se ficasse uma feiura, pelo mesmo eu não ia colocar a culpa em ninguém e ia assumir, com o maior prazer, a "cagada"!



Depois dos acontecimentos insesperados do meu dia, estou achando tudo engraçado... Tô rindo queném criança! Acho que é "bolsite dourada" aguda!!! rsrsrsr... coisa boa!

sábado, 7 de março de 2009

A vida no metrô


Agora só ando "musicalizada"! O celular que comprei aqui tem MP3, então vou pra cima e pra baixo ouvindo música. É muito curioso ver as cenas cotidianas, os lugares, as pessoas... enfim, Toronto, com fundo musical. Por exemplo, as cenas que vou observando diariamente no metrô, vão se tornando uma grande novela da vida real, com trilha sonora e tudo mais... vou criando histórinhas dentro da minha cabeça com o que vou vendo, o que torna o percurso entre escola, casa e casa escola, beeeem mais interessante.


No metrô consigo identificar quem mora e trabalha em Toronto, e quem está aqui de passagem, passeando ou estudando. Os estudantes sempre tem a curiosidade estamapada no rosto, são, em sua maioria, alegres (sensação típica de quem está descobrindo o mundo) e conversam entre si, ou ficam olhando pras outras pessoas, de repente com a mesma intenção que a minha, querendo descobrir quem é, e quem não é daqui. Quem pega metrô para ir trabalhar tem um semblante mais sério, cena que não é diferente, por exemplo, no metrô de São Paulo. Não ficam olhando pros lados, normalmente de manhã seguem lendo o jornal que é distribuído diariamente no metrô e agem com a naturalidade típica de quem tem o metrô como meio de transporte diário, há muitos anos. Fico vendo as pessoas e pensando: como será que é a vida delas, para onde vão, o que sonham pras suas vidas, o que sentem, se são felizes no amor, se são saudáveis, se sofrem... fico imaginando...

Nos finais de semana a leveza no semblante é visível no metrô, com exceção, é claro, das noites de domingo, onde as pessoas já estão com aquela cara de "aaaaai, amanhã começa tudo de novo!!!". Domingo passado eu estava voltando da casa da Kênia, umas sete da noite, e o metrô estava bem vazio. Então eu lá, na minha viagem, comecei a prestar atenção num casal de japoneses que estavam sentados na minha frente, um pouco mais a direita. Deviam ter, no máximo, uns 20 anos. Foi aí que fui notar que a menina estava de cabeça baixa, chorando, e o rapaz passando a mão no cabelo dela, meio consolando, sabe? Ele falava algumas coisas no ouvido dela, mas ela não se movia, ficava chorando e não levantava a cabeça por nada. Já criei uma histórinha pra cena. No mínimo ele deu um "pé na bunda" da japonesinha, e estava lá, com aquela sensação de consciência pesada, quando a gente sabe que está fazendo alguém sofrer, sabe como? Aquela era uma despedida. Ele tentou conversar mais um pouco, ela não quis, e ele se ajeitou e levantou, para descer na próxima estação, mas sem deixar de olhar para ela com um certo pesar. Então ele ficou em pé, já na porta do vagão, ao lado de onde estavam sentados. Passou o mão pela última vez na cabeça dela, levantou o rosto, fechou os olhos por uns segundos e fez uma cara de "puuuuts!". Nossa, que cena! A porta abriu, ele saiu e ficou parado do lado de fora vendo o metrô partir. E ela seguiu mais duas ou três estações, chorando copiosamente. Tadinha! Aquilo me cortou o coração... eu sei bem como é a dor que possivelmente ela estava sentindo. Quem não sabe, né? Parei pra pensar como os sentimentos são universais! Aqui, no Brasil ou no Japão, levar um "pé na bunda", é sempre terrível! "O amor é como o vento, que, quando sopra, não há nada que o possa trazer de volta...", sábias palavras de Rubem Alves.

Mas assim vou seguindo meus "dias musicalizados", já com uma baita saudade das meninas (ainda bem que tem internet pra gente se ver todos os dias) e ansiosa, porque queria muito já estar entendendo o que as pessoas falam e poder falar também... mas tem que ter calma, né? Eu sei! Sei que estou ansiosa porque ando com uma vontade monstro de comer chocolate... rsrsrsrs! Ah, e por falar em chocolate, essa semana aconteceu uma coisa engraçada. Eu parei numa banca de revistas no metrô pra comprar um chocolate antes de ir pra biblioteca estudar. Bom, pedir um chocolate e pagar é muito fácil... mas a dona da banca resolveu puchar papo comigo... ai ai ai... tudo começou quando fui pegar as moedinhas do troco, ela viu a minha mão tortinha por causa da artrite, e começou a perguntar o que eu tinha, e falou que eu tinha que ir no hospital e mais um moooooonte de coisas. Eu até entendi mais ou menos o que ela dizia, mas o duro é responder e prosseguir com a conversa. Como falar pra ela que estava tudo bem, para não se preocupar. Ai meu Deus! Só sei que ela começou a me dar um monte de receitas que, diga-se de passagem, eu não entendi "bulufas"... e não me deixava ir embora... Eu falava: sorry, I don't understand, I don't Speak English very well... mas nada, ela não parava de falar... ai ai... cada coisa! Assim que eu estiver falando melhor quero voltar lá para agradecer a atenção e explicar que, apesar da minha mão tortinha, eu estou ótima!


E vou vivendo este mundo de descobertas, sendo, todos os dias, também uma personagem da vida no metrô... com meus desejos, sentimentos, certezas e dúvidas... como todo mundo. A única diferença é que eu tenho uma bolsa dourada pra segurar todas as minhas pontas.
Ainda bem!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 2 de março de 2009

A biblioteca


Hoje tive uma experiência incrível em Toronto, passei a tarde estudando numa biblioteca pública. Mas não é "uma" biblioteca... é A BIBLIOTECA! O prédio é maravilhoso, tem cinco andares, uma arquitetetura arrojada com todos os espaços interligados, dando uma amplitude fantástica para quem visualiza o local. E o mais legal que eu observei é o número de frequentadores da biblioteca... gente, é muito grande, podem acreditar, e o espaço fica TODO TOMADO! É gente pra burro! Aqui é muito interessante, as pessoas lêem em todos os lugares, nas praças, no metrô, nos pontos de ônibus, nos cafés, nos pub's... sempre encontro pessoas entretidas com seus livros, nos mais diversos lugares. São nessas horas que percebo a imensa distância entre a cultura de países menos desenvolvidos, como o Brasil, para os países que realmente levam a sério a educação. Em toooooodos os bairros de Toronto tem uma biblioteca, não tão grandes como esta que fui, mas com muitas obras importantes e necessárias.


Aqui as pessoas sentem um grande prazer em viver ampliando os conhecimentos. Já é um hábito para eles, desde a infância! Olha que coisa linda! Não sei se a energia de quem se concentra pra estudar se expande, mas o fato é que meu estudo na biblioteca rendeu muuuuuuito hoje a tarde. Porque sabe o que tava acontecendo? Na semana passada eu saia da escola e vinha direto pra casa. Chegava aqui umas 2h30 / 3h... e fazia o que? hein, hein, hein? Te dou uma chance!!! Ia pra internet procurar a Bia com a Ci, escrever no blog, ler noticias do Brasil, responder e-mail, etc.. etc.. etc... e estudar que é bom, só um bocadinho! E não posso perder o meu foco, né? Eu estou aqui com um grande propósito e não posso sair da linha! Então acredito que ir pra biblioteca depois da escola vai funcionar muito bem e vou adotar daqui pra frente este método. Então gente, possivelmente vou escrever menos no blog. Mas vou escrever sempre que der, porque é muito gostoso estar aqui escrevendo. Parece que estou conversando frente a frente com todo mundo e assim não me sinto sozinha.
Ahhh, e por falar em todo mundo, vai aqui um recadinho especial pra Mara Show e pra Dani Bananinha, amigas queridas dos bons tempos de Rondonópolis, que reclamaram porque eu não escrevi o nome delas no post onde contei do primeiro dia descobrindo a cidade. Gente Querida, meu coração não tem fronteiras, não tem limite de espaço... se eu não escrevi não foi por mal de jeito nenhum... é que vou escrevendo no embalo, sem ficar corrigindo, pra não perder a linha de raciocínio... só por isso! Não esqueço de vocês duas nunca, imagina! E é claro que eu queria muito que vocês estivessem aqui junto comigo vendo e vivendo nesta cidade linda e moderna! Tá bom??? Vocês não são menos importantes do que as pessoas que citei no post. Eu amo todo mundo! Amor livre de amigo!!!


Hoje eu ia contar do ski no fim de semana, mas a biblioteca foi tão forte no meu dia, que o ski perdeu a importância. Mas quem ficar muito curioso pra saber é só dar uma olhadinha no orkut, que as fotografias contarão, por si, as histórias!


Vou jogar dentro da bolsa dourada, também o desejo de adquirir muito conhecimento na minha vida! E realizar o improvável.