sexta-feira, 27 de abril de 2012

Se faltar a paz... Minas Gerais!




No finalzinho do ano passado eu ganhei um CD da Luaninha (Luana Serena, sua linda!), minha filhinha postiça, que já mora no meu coração, como se fosse mesmo uma filha, desde os tempos de Mato Grosso.  É um CD, que eu simplesmente amei, do Marcelo Camelo, que ela me deu porque um dia comentei com ela que não conhecia direito. E essa fofa me deu de surpresa!!

Neste CD tem uma música que eu acho tão linda e que traduz, com tanta meiguice, o sentimento que Minas Gerais desperta em mim. Eu tenho vontade de ficar aqui pra sempre, mas uma coisa que eu aprendi nessa vida é que não adianta a gente fazer planos e ser radical com eles, que no fim das contas, a vida que manda... seja lá o que for, se tiver que ser, tudo vira de perna pro ar pra acontecer. Eu quero ficar, este é meu desejo mais certo, mas se tiver um dia que ir, a danada da vida empurra com gosto. Num é assim mesmo?

Minas é uma delícia... as pessoas, os cheiros, as palavras, o humor!! O acolhimento... a prosa! Tenho muito orgulho de ser mineira. Lembro que quando morava em Mato Grosso ou em São Paulo, sempre que perguntavam de onde eu era, ai que delícia, estufava o peito pra falar: SOU MINEIRA!!!

Mas voltando no CD, hoje escutei essa música que fala de Minas, de acolhimento e de saudade. Na verdade escutei várias vezes!!! Me lembrei de pessoas que eu quero que estejam aqui com mais frequência, que não se percam da minha vida e que encontrem sempre em Minas e em mim, o desejo de voltar!

Pra vocês, a música, com um grande beijo acolhedor!


Três DiasMarcelo Camelo
Se faltar carinho, ninho,
Se tiver insônia, sonha,
Se faltar a paz, se faltar a paz, Minas Gerais.
Se encontrar algum destino

Para solidão tamanha,
Se faltar a paz, se faltar a paz, Minas Gerais.
Se faltar carinho, ninho,
Se tiver vontade chama,

Se faltar a paz, se faltar a paz, Minas Gerais.
Se você ficar sozinho,
Pega a solidão e dança,
Se faltar a paz, se faltar a paz, Minas Gerais.

Desaparecer no vento
E acordar no outro instante,
Nó na imensidão do tempo
Todo sentimento faz,
Mas se faltar a paz, se faltar a paz, se faltar a paz, Minas Gerais.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O resgate de um coração...


Quando eu era pequena e a gente morava aqui, no mesmo lugar onde moro hoje, eu e meus irmãos éramos loucos por cachorros. Todos que passaram pela nossa infância eram como se fossem mesmo "pessoas" da nossa família. Cada um que morria era um pedacinho arrancado de nós, e, com tantas perdas, acho que desgostei. Mas desgostei de um jeito estranho, depois que cresci tomei aversão, meeeeeesmo, por cachorros. É claro que era incapaz de fazer mal aos bichinhos, mas não entendia como que as pessoas podiam ser tão apegadas, a ponto de levar o cãozinho até pra dormir junto na mesma cama. Quem me conhece há mais tempo sabe muito bem disso, né Dani e Leila? As duas são amigas lindas que conheci nos meus anos em Mato Grosso, e que, se bobear, dão a vida pelos cachorrinhos delas. E eu, vivia implicando com elas, né mesmo, meninas?

Só sei que quando "voltei pra casa", consegui resgatar coisas maravilhosas aqui, inclusive o amor pelos cães, coisa que, juro, nunca imaginei que fosse acontecer. Quando vim com minha mudança pra morar no sítio, a casa já tinha uma habitante, a Meg, uma cadela de porte grande, raça não determinada (vulgo vira-lata), bem bonita e com um olhar cativante. Confesso que no começo fui bem resistente e já pensei egoisticamente: "ai que saco!". Mas com o passar do tempo a danada da Meg me conquistou e, quando dei por mim, toda manhã tava eu lá, fazendo carinho e dedicando um pouco do meu tempo pra conversar com ela. Pra Cibele e pra Bia não foi nada difícil gostar da Meg, porque elas sempre gostaram de cachorro e nunca passaram pelos meus traumas mal resolvidos de infância.

Mas aí a Meg entrou no cio, papai prendeu ela em outro lugar pra não pegar cria, mas não teve jeito, engravidou (cachorro engravida ou emprenha? rsrsr... nem sei!). Quando a barriga começou a crescer já imaginei aquele monte de cachorrinhos pelo quintal, fazendo a nossa festa.  Teria sido muito legal!

Ontem a noite a Meg entrou em trabalho de parto e alguma coisa não saiu bem. Hoje quando acordamos ela estava morta. Tão grande, tão forte... e lá, esticada sem vida, com vários cachorrinhos também sem vida dentro dela. Nossa, que triste! Nosso quintal perdeu um pouco a graça e a alegria. Nesse momento eu sinto uma grande vazio, mas ao mesmo tempo, sinto gratidão. Uma gratidão imensa à Meg por ter amolecido e tocado o meu coração, que andava tão endurecido pela vida.

Ela vai deixar muitas saudades, assim como a Lessie, a Crioula, a Duda, o Lordie... e, em homenagem a ela,
eu prometo que daqui um tempo vamos arrumar outro cachorro, pra continuar o trabalho de resgate, que a Meg começou.   Um beijo, querida!  



terça-feira, 24 de abril de 2012

Mostre que você ama Pedralva!!!

Uns meses depois que voltei a morar em Pedralva a Márcia Bustamante (querida Má!), me convidou pra fazer parte do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), que é um conselho da comunidade para criar projetos e acompanhar o trabalho do Departamento de Turismo e Cultura de Pedralva. De cara adorei o desafio e olha... fiquei encantada com o trabalho da moçada! O Ricardo Bustamante, na frente do Departamento, a Márcia e toda galera que compõe o conselho, cheios de boas idéias e o melhor, com ótimas intenções, estão dando provas de amor lindas por Pedralva, com este trabalho voluntário. Tô mega feliz em poder ajudá-los de alguma forma, principalmente com o conhecimento que adquiri na minha profissão, que acho que pode servir bastante neste caso.

Mas eu queria mesmo falar é que  eu acho uma judiação a falta de envolvimento da comunidade com um projeto tão bacana para alavancar a economia da nossa cidade! Nossa, as pessoas quase não vão nas reuniões, que são abertas pra população. O desenvolvimento do turismo aqui vai ser bom pra todo mundo, gente!!!!... como será maravilhoso se os pedralvenses despertarem pra esta realidade!

E é isso que queremos fazer! Acordar o povo!!!!

Pedralva é linda de VIVER!! Quem vem aqui se apaixona!! Temos que tirar proveito disso pra trazer progresso pra nossa cidade do coração!!!

Hoje tô passando rapidinho pra dar uma cutucada e convidar quem ler o blog pruma reunião beeeeem legal que vai ter hoje, na Câmara Municipal, às 19h, onde vamos apresentar o Planejamento de 2012, além de lançar o blog  do COMTUR, o Flickr com fotos mega lindas de Pedralva, enfim... tem que ir pra conferir.

Então, quem tá em Pedralva, em vez de ficar vendo aquelas novelas medonhas da Globo, que não acrescentam nada de útil pra vida de ninguém, vem com a gente, fazer história!!!!

Vem que a nossa alegria será imensa!

Beijão pro cêis!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Das coisas que vem e vão...



Ontem eu fui convidada pra fazer uma palestra pra moçadinha do segundo colegial, na escola da Cibele, minha filha, sobre o meu trabalho como escritora. Na aula de Literatura eles estão estudando os tipos de biografias e lá fui, contar um pouquinho sobre a experiência que tenho adquirido neste sentido. Foi uma delícia, os alunos foram super atenciosos e participativos e eu fiquei realmente muito feliz em ter aceito o convite, e em perceber o quanto esta galerinha está antenada em querer aprender.

Mas o que eu queria dizer disso é que um dos alunos me perguntou se tinha algum escritor que me inspirava. De cara lembrei do Rubem Alves, embora meu estilo seja bem diferente do dele. Afinal de contas eu não posso viajar tanto quanto ele! rsrsr... Lembrei do Rubem Alves porque acho que foi ele quem despertou minha alma para as metáforas bonitas da vida. O descobri na época da faculdade e a empatia foi tão grande que eu, naquele tempo, comprei praticamente todos os livros que ele já tinha publicado e os devorava, deliciosamente.

Depois de um tempo me formei, fui viver no Mato Grosso, virei gente grande com uma família pra criar e acabei abandonando o Rubem... rsrsrs... ficou engraçado isso! Quero dizer, sem muito tempo pra mim, deixei de comprar seus livros e assim a vida seguiu. Só que as metáforas lindas ficaram pra sempre em mim e, vira e mexe, estão presentes de alguma forma, acho que pra mostrar a sabedoria do movimento na vida da gente.

No livro "Tempus Fugit" (Olha que coisa linda: "quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será", tá escrito na contra capa do livro), ele compara as coisas que vem e vão na vida da gente com os efêmeros Ipês, que nos trazem por poucos dias extrema beleza e, no restante do ano, são árvores comuns, apenas deixando saudade dos dias coloridos. Mas na florada do Ipê a gente pensa: "pôxa, valeu à pena o universo ter sido criado, só por causa disso!!!", não é mesmo? E só de lembrar a gente já fica feliz, porque sabe que as flores vão sempre voltar.

E por coincidência essa semana todas as minhas violetas voltaram a florir, imagina se eu não lembrei do Rubem Alves, né? Me deu uma alegria! ... (só um parênteses, que TUDO, que MARAVILHOSO, que DIVINO, poder ter um tempinho pra cuidar de plantas! Tô no céu!!! :) ).

Mas é isso! O amor, o encantamento, a alegria, por mais que fiquem tempos afastados de nós, sempre dão um jeitinho de voltar. A gente sente falta dos dias de florada, fica até um pouco tristinho, porque os danados destes sentimentos fazem uma falta danada, né? Mas o jeito é ficar feliz, porque um dia, de alguma maneira, eles irão voltar.

Deixo aqui então de presente pra vocês o finalzinho de uma das crônicas mais lindas dele que já li. Ela se chama: Onde mora o amor.

"Mas aí, sem que se saiba por que, a gota de chuva cai, o vento se vai, e ficamos de mãos vazias. E só nos resta esperar. Como esperamos que o ipê floresça de novo. As flores desapareceram, mas voltarão. Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação. E neste espaço o amor só sobrevive graças a algo que se chama fidelidade: a espera do regresso. De alguma forma a gota de chuva aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora. Morte e ressurreição. Na dialética do amor, a própria dialética do divino. Quem não pode suportar a dor da separação não está preparado para o amor. Porque amor é algo que não se tem nunca. É evento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro." (Tempus Fugit - Rubem Alves)






domingo, 15 de abril de 2012

Entrega


Hoje fiquei pensando muito em uma nova prática que tenho me esforçado (e desejado) para que se torne um hábito na minha vida: a entrega. Ao meu ver, a entrega é quando a gente entende que todos os acontecimentos da nossa vida obedecem a uma ordem natural e que o universo, Deus, e todas as forças vitais que nos comandam, independentemente de crenças e religiões, sabem exatamente o que é melhor pra nossa vida. As vezes o melhor nem sempre é o que a gente quer tanto, né?

Por isso a entrega é um exercício de desapego. Às vezes dolorido, né? Assim como é dolorido olhar pra dentro da gente, naqueles lugares que só nós temos acesso, e ver quanta coisa temos que resolver internamente ainda...

Então pensei que não queria sofrer pra me desapegar, e resolvi poetizar a minha entrega, pra que ela fique mais bonita e livre. Bolei mentalmente um exercício que anda funcionando bem. Agora, sempre que penso nas coisas que preciso fazer, nos meus desejos e planos, imagino que estão na palma da minha mão representados por muitas borboletas azuis. Me imagino então no alto de uma montanha linda para meu ritual de entrega, onde deixo todas elas voarem... e elas saem, uma a uma, num vôo lindo de liberdade... e vão... vão... vão... até que eu entendo que não pertencem mais a mim! Aí tudo se acalma...

O desapego ficou bonito!

É aconchegante demais pensar que todas as minhas borboletas estão voando livres pelo universo afora, que, com certeza, irá conduzi-las com maestria, fazendo com que elas retornem pra mim da forma mais certa e natural possível, sem complicações. Assim, terei a confiança de que tudo que acontecer terá uma permissão divina... universal.

Uma ótima semana de luz pra todos!


quinta-feira, 12 de abril de 2012

A vida sempre por um fio


Gente!!! Ontem quase fui mordida por uma cobra venenosa. Cheguei em casa à noite, depois de uma reunião, e as meninas esqueceram de deixar a luz acesa da garagem. Então deixei o farol aceso, acendi a luz e voltei pra fechar o carro. Quando voltei, tava ela ali, me olhando furiosa, e, em alguns segundos armou o bote. Ficou em pé, tão bonita e imponente, apesar de pequena, pronta pra se defender de quem praticamente a assassinou com a cabeça esmagada. Olha isso, eu quaaaase pisei nela no escuro!! Dei um jeito de voltar pra perto do carro e fiquei observando de longe. Aos poucos ela foi se acalmando, desarmou o bote devagarinho e seguiu pela grama afora. Ui!! Essa foi por pouco, hein?

Essas coisas sempre fazem a gente refletir um "cadim"e dar uma boa viajada nas coisas da vida. Mas sabe que tive uma viagem feliz? Pensei que, caso a "furiosa" tivesse disparado aquele bote imponente, acertando em cheio em mim, e se o veneno dela fosse fatal e eu não sobrevivesse, como que ia ser morrer poucos dias depois de ter completado meus 40 anos. Olha, embora eu seja nova (ou me sinta nova! rsrs...), tenha muuuuita vontade ainda de viver muitas coisas, eu acho que já vivi muito bem e não seria o "fim do mundo" morrer (hahah... essa é ótima!).

Sabe? Errei um bocado mas tive muitos acertos, experimentei viver de várias formas, conheci um mundaréu de gente, tive filho, escrevi livro, plantei árvore, enxerguei meus defeitos, reconheci minhas fraquezas, ri muito, chorei, sofri e sobrevivi, me entreguei na maioria das vezes, de corpo e alma, pras coisas que fiz. Amei. É claro que eu não queria morrer, mas se morresse acho que ia ter ido em paz.

É bom parar um pouquinho pra pensar, todos os dias, como seria morrer agora. Esse exercício pode trazer lições interessantes, para percebermos como somos frágeis e como estamos constantemente suscetíveis ao "o que virá". A vida é uma incógnita, mas mesmo sendo tão misteriosa, temos o poder de fazer dela "O" acontecimento. O acontecimento diário, pra morrer bem, pra morrer satisfeito. Ninguém quer morrer, mas todo mundo vai um dia... e é vivendo todos os dias bem que a gente vai ter uma morte boa.

Aí olho nesse momento pra minha varanda azul e penso na cobra, que está neste espaço em algum lugar, sã e salva. Que bom que ela apareceu ontem à noite pra me fazer pensar um pouco. Mas que bom também que não aconteceu nada de ruim com a gente. Nem ela atrapalhou a minha vida e nem eu a dela, né?

Se Deus quiser, ainda vamos viver muitos anos, muitas coisas ótimas!