domingo, 20 de abril de 2014

Poderia ter sido você...


Contar a história de vida de alguém é uma grande aventura pra dentro da gente mesmo. Me deparo o todo tempo nos meus dias de trabalho, na produção da biografia da minha cliente amada, com cenas minhas, com frases minhas e com muitos sentimentos meus. Aí fico pensando que é porque no fim das contas nós todos, de um jeito ou de outro, somos iguais. Iguais nos medos, nas dúvidas, nas “cagadas” que fazemos pela vida afora, no amor que não deu certo e naquela maldita chance que a gente não deu para alguma pessoa ou situação que poderia ter mudado completamente, de um jeito bom e surpreendente, o rumo de toda a nossa história.

Ela tem me falado muito sobre perceber tardiamente a importância dos outros, em insights “retardados” que só chegam muitos anos depois, quando não existe mais o menor vestígio do leite derramado. Ela fala com grande sabedoria e aceitação sobre isso e me faz entender que tudo é nosso, sabe? Temos que aceitar a gente sempre com amor, mesmo reconhecendo que boicotamos a nós mesmos. Mas no fundo eu percebo uma pontinha de tristeza no olhar, às vezes perdido, vislumbrando, quem sabe, uma vida diferente do que foi.

Nunca vamos saber como teria sido. O que poderia ter sido. E isso não é mesmo um sentimento dos melhores. Hoje escutando sobre uma história de amor que nunca foi história e que nem mesmo foi amor, me vejo em cada palavra, em cada olhar, em cada silêncio dela. Quando eu olho pra trás vejo que poderia ter sido você o amor que eu nunca tive, você que eu não percebi, você que não me percebeu. Você que foi embora antes da hora. Você que ficou sem que eu quisesse. Você que não apareceu naquele dia que eu esperei. Eu que desisti antes do fim. Você que não me viu como eu gostaria que tivesse visto. Eu que nunca nem notei o seu amor por mim.

Isso é vida. Isso é a história de cada um.


E hoje, aqui um pouco dolorida, carrego em mim o desejo de que, quando eu estiver no lugar da minha cliente, quem sabe contando a minha própria história, que eu dê um sorriso bem gostoso, um suspiro só meu, uma despreguiçada daquelas de quando a gente está bem feliz (sabe?), com o coração bem aconchegado e finalize o livro, escrevendo DE-LI-CI-O-SA-MEN-TE: que bom que foi você! 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Eu e o pinhão, o pinhão e nós...

Por esses dias estou me "fartaaaaaaando" de comer pinhão! Ai que DE-LÍ-CIAAAAAA! Comi deliciosamente sentada na grama, num bate papo maravilhoso, nesse sábado à tarde, com um monte de gente querida, e ontem à noite em pé na cozinha com a Cibele, situação não menos especial, mas bem peculiar... em pé, apertadinhas no canto da pia, muito engraçada a nossa "urgência" de comer, como se os danados fossem sair correndo de nós. Porque não sentamos pra saborear o momento com mais calma? Porque cada momento é único, né? E essas urgências... são sempre inexplicáveis mesmo!

Mas a minha viagem com o pinhão "É" uma viagem. O pinhão sempre vem numa fase boa da minha vida e eu não tenho UMA lembrança sequer de ter comido pinhão triste. Eu acho que o próprio ato de comê-lo já me inunda de felicidade, instantânea. Pinhão vem no comecinho do frio, é coisa que a gente não tem sempre, danadinho que faz a gente sentir saudade. Pinhão mora nos lugares que despertam muuuuito amor em mim: nas montanhas. Nas alturas. Onde tudo pode ser visto, onde o vento sopra com liberdade, onde o sol chega primeiro.

E eu adoro quando alguém come pinhão e lembra de mim. No meu aniversário eu sorri com taaaaaanto coração quando a Karina, amiga linda de todas as vidas, mencionou, em uma mensagem linda que ela me escreveu, que nós temos em comum o amor pela música, pela fotografia e pelo pinhão! É tão gostoso quando alguém presta atenção na gente, né? Que sensibilidade ela lembrar que eu gosto de pinhão! Eu amei isso. Certamente tivemos momentos mágicos ao redor de uma panela cheia de pinhão e com muita prosa da "mió" qualidade e ela, sensível como é, deve ter observado meu olhar de menina encantada saboreando essas gostosuras.

Tem gente que não curte pinhão pela complexidade do ato de comê-lo. Mas é essa complexidade que me apaixona... e comigo não tem essa de comer com faca, é na dificuldade mesmo que é legal! Ficar naquela surpresa de como vai ser, se vem um pinhão bom ou aquele que amarga a boca da gente de um jeito horrível... e os amargos vem mesmo de qualquer jeito, mas nada como um pinhão dos bons em seguida  pra tirar essa sensação ruim. Igual a vida da gente mesmo, quem pode saber o que vem a seguir? A gente só pode saber que os bons existem e que amargo nenhum vai tirar da gente a delícia de acreditar em todo o bem que existe.

E viva a temporada de felicidade, das mais simples e mais gostosas que existem!
:)